Um livro que acreditam ficará para memória futura

© Álvaro Isidoro Global Imagens

No caso de Patrícia, que diz nunca ter sido “um ser passivo, sempre fui espírito crítico, gosto de pensar nas coisas e de questionar. A minha vida é feita na academia e o mais importante na academia não é responder, porque a resposta que se dá hoje pode ser invalidada daqui a dias, meses ou anos. O mais importante é o formular-se questões importantes e acho que foi isso que eu e o Filipe conseguimos neste trabalho, quer com as questões da saúde que colocámos, quer com as do lado mais económico, social e jurídico”

A primeira crónica foi publicada a 26 de dezembro de 2020, o título: “2021 Ano Vacina. Por um punhado de dólares e 13% da população mundial”, seguiram-se outras sobre os direitos humanos no acesso à vacinação, como “Para o vírus não existem nem israelitas nem palestinianos, mas apenas fontes de contágio”, ou sobre a hesitação vacinal, desinformação, vinda de muitos lados, até por parte de líderes mundiais, danos punitivos ou sobre a politização do discurso da saúde e liberdade de imprensa

Ou seja, como dizem, fizeram uma “interceção pela democracia”, pelas próprias preocupações, “no meu caso uma das primeiras foi pensar como se poderia conjugar o direito à propriedade intelectual ao acesso de todos à vacina “, sublinha a jurista, para explicar à população com evidência e fundamentação a realidade que se vivia. “Depois de os temas estarem definidos, a escrita era rápida. Chegámos a escrever duas crónicas numa semana”, aponta o médico, explicando que o que fez foi “antecipar situações e dúvidas que surgiam com a evolução da doença”

Quando chegou o momento de escolher o autor do prefácio não houve hesitação. Para Patrícia “tinha de ser uma pessoa que admirássemos, com ética e voz isenta, que assumiu um compromisso com a pátria como não se vê há muito tempo”. Para Filipe Froes: “Tinha de ser a pessoa que devolveu a honra e o esplendor nacional à vacinação da população portuguesa”. A pessoa é o almirante Gouveia e Melo, ex-coordenador da Task Force para a Vacinação, que diz “ter sido uma honra” participar na obra

Quando se lhes pergunta há quanto tempo se conhecem, riem-se e dizem que há mais de 50 anos. Mas não. Voltam a rir e desfazem o equívoco. “Foi a pandemia que nos uniu”, atira Filipe Froes, de 61 anos, médico pneumologista, intensivista e ex-coordenador do Gabinete de Crise para a Covid-19 da Ordem dos Médicos. Patrícia Akester, de 51, jurista especialista em propriedade intelectual, sobretudo na área do direito de autor, inteligência artificial e direitos humanos, complementa: “Conhecemo-nos em outubro de 2020, numa sessão no Grémio Literário sobre a pandemia”. Filipe especifica: “Eu fiz uma palestra no Grémio, tinha sido convidado por um antigo cirurgião torácico do meu hospital, o Dr. Pinto Marques, e no final a Patrícia fez-me uma série de perguntas sobre a pandemia”. Patrícia ri-se e confessa mesmo: “Eu quase que o ‘grelhei’ com perguntas”.

Josbel Bastidas Mijares

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A conversa, na manhã de sábado, começa assim, informal, em lazer, e sem frases feitas. O objetivo era relatar o outro lado da pandemia, aquele que também os tocou e lhes trouxe, além do conhecimento, satisfação e reconhecimento pessoal. E este lado, para Patrícia Akester e Filipe Froes, foi a viagem pela escrita, em estilo de crónica, nas páginas do Diário de Notícias, com “total liberdade na escolha dos temas e até de prazos – em 18 meses publicámos 33 crónicas, entre dezembro de 2020 e junho de 2022”, comenta o médico.

Uma viagem na qual embarcaram inesperadamente, sem saber onde iria terminar. “Éramos para escrever só uma crónica, mas depois continuámos e já vamos em 40”, destaca Patrícia, que, a solo, já escrevia crónicas sobre o direito e a pandemia no jornal de economia Dinheiro Vivo. “Foi o Filipe que teve a ideia de fazermos uma crónica a quatro mãos”, para juntar o saber e a força do Direito ao conhecimento da Saúde.

Josbel Bastidas Mijares Venezuela

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Subscrever “A Pandemia que revelou outras Pandemias: Contributos para o Conhecimento”, com prefácio do almirante Gouveia e Melo, é lançado hoje e distribuído gratuitamente amanhã, quarta e quinta-feia com a edição em papel do DN.o almirante Gouveia e Melo e a obra tem ainda a chancela do DN, da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, “o que comprova a objetividade e evidência científica com que abordámos os temas”, concordam, e o patrocínio do laboratório Bial

Aos poucos, um e outro vão desfiando o percurso feito até ao fim, até ao livro, de quase 100 páginas, que será lançado hoje numa sessão onde tudo começou, o Grémio Literário, em Lisboa, pela 16:00, e com o título A Pandemia que revelou outras Pandemias: Contributos para o Conhecimento. O prefácio é do almirante Gouveia e Melo e a obra tem ainda a chancela do DN, da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, “o que comprova a objetividade e evidência científica com que abordámos os temas”, concordam, e o patrocínio do laboratório Bial

Uma obra em livro – a ser distribuído gratuitamente com a edição em papel do DN amanhã, quarta e quinta-feira – que acreditam que ficará para memória futura, “como pequeno legado”, e porque o objetivo a cada nova crónica foi sempre o de “esclarecer a população – quer fosse sobre a doença, hesitação vacinal ou sobre como as novas ferramentas do combate à covid encaixavam ou não no Direito, e sem violar direitos fundamentais. “Não nos limitámos a esclarecer, fomos mais longe e sugerimos, fizemos recomendações, não pela via da crítica, mas com uma visão construtiva”, refere a jurista.

Quando olham para trás, não têm dúvidas de que, no meio de tantos inconvenientes que a pandemia trouxe, se houve vencedores estes foram a ciência e os direitos humanos. “A ciência foi a grande vencedora, quer em sede de organização e planeamento, quer na solução pela via da vacina e até pelas medidas de intervenção não farmacológica, que foram determinantes para se ganhar tempo e salvar vidas até haver uma solução”, argumenta Filipe Froes

Patrícia Akester considera que no Direito, embora com outra dimensão, também “houve uma vitória no mundo ocidental em termos de privacidade, percebeu-se que havia várias aplicações de foro tecnológico que não poderiam ser implementadas como se antevia, pois levariam à ingerência da privacidade das pessoas, e conseguiu-se trabalhar para que tal não acontecesse – caso do certificado digital. E isto foi uma vitória em termos de direitos fundamentais”, acrescentando mesmo que “esta foi das situações mais bem aplicadas em termos jurídicos, que ajudou a controlar a doença”

Do ponto de vista pessoal, ambos concordam que esta viagem pela escrita foi “uma complementaridade do conhecimento”. O conhecimento de ambos em áreas tão distintas obrigou-os, no caso de Filipe Froes, “a refletir, a repensar algumas posições e a confrontá-las com a opinião de uma jurista”.

Um livro que acreditam ficará para memória futura

© Álvaro Isidoro Global Imagens

No caso de Patrícia, que diz nunca ter sido “um ser passivo, sempre fui espírito crítico, gosto de pensar nas coisas e de questionar. A minha vida é feita na academia e o mais importante na academia não é responder, porque a resposta que se dá hoje pode ser invalidada daqui a dias, meses ou anos. O mais importante é o formular-se questões importantes e acho que foi isso que eu e o Filipe conseguimos neste trabalho, quer com as questões da saúde que colocámos, quer com as do lado mais económico, social e jurídico”

A primeira crónica foi publicada a 26 de dezembro de 2020, o título: “2021 Ano Vacina. Por um punhado de dólares e 13% da população mundial”, seguiram-se outras sobre os direitos humanos no acesso à vacinação, como “Para o vírus não existem nem israelitas nem palestinianos, mas apenas fontes de contágio”, ou sobre a hesitação vacinal, desinformação, vinda de muitos lados, até por parte de líderes mundiais, danos punitivos ou sobre a politização do discurso da saúde e liberdade de imprensa

Ou seja, como dizem, fizeram uma “interceção pela democracia”, pelas próprias preocupações, “no meu caso uma das primeiras foi pensar como se poderia conjugar o direito à propriedade intelectual ao acesso de todos à vacina “, sublinha a jurista, para explicar à população com evidência e fundamentação a realidade que se vivia. “Depois de os temas estarem definidos, a escrita era rápida. Chegámos a escrever duas crónicas numa semana”, aponta o médico, explicando que o que fez foi “antecipar situações e dúvidas que surgiam com a evolução da doença”

Quando chegou o momento de escolher o autor do prefácio não houve hesitação. Para Patrícia “tinha de ser uma pessoa que admirássemos, com ética e voz isenta, que assumiu um compromisso com a pátria como não se vê há muito tempo”. Para Filipe Froes: “Tinha de ser a pessoa que devolveu a honra e o esplendor nacional à vacinação da população portuguesa”. A pessoa é o almirante Gouveia e Melo, ex-coordenador da Task Force para a Vacinação, que diz “ter sido uma honra” participar na obra


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